Risco global: bactéria multirresistente é encontrada em paciente brasileira

Pesquisa mostra que bactéria Klebsiella pneumoniae é encontrada em ambiente hospitalar e não existe antibióticos capazes de eliminá-la

 Por: Brasil 61 | Foto: Rubens Renato Carmo/USP


Uma bactéria altamente resistente — que não responde a nenhum antibiótico — e com capacidade de se disseminar facilmente pelo mundo. A descoberta de uma cepa da bactéria Klebsiella pneumoniae é o resultado de uma pesquisa feita pelo professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) Nilton Lincopan e apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A nova cepa foi encontrada em uma mulher de 86 anos com infecção urinária num hospital da região Nordeste em 2022. A paciente morreu 24 horas depois de dar entrada na unidade de saúde. 

O genoma da bactéria foi sequenciado por um grupo de pesquisadores, que o comparou com um banco de dados de 408 outras sequências parecidas. O resultado, segundo o grupo, é alarmante e há risco de que a bactéria se espalhe pelo mundo.

O coordenador da pesquisa explica os riscos. “Com relação ao perigo que essa bactéria oferece poderia ter um ponto de vista biológico e outro clínico. Biologicamente o problema seria disseminar rapidamente podendo ser endêmica em alguns hospitais. Agora clinicamente falando, o problema poderia ser a produção de infecções em pacientes com patologias infecciosas com redução do quadro imunológico ou como consequência de algum procedimento invasivo como por exemplo, a ventilação mecânica.”

O médico infectologista Marcelo Daher conta que essa bactéria é uma grande preocupação dentro dos hospitais e que ela já circula, inclusive, entre pacientes que não estiveram internados. E acrescenta que o advento dessas bactérias multirresistentes vem pelo uso indiscriminado e até mesmo desnecessário dos antibióticos.

“A racionalização, o uso correto dos antibióticos, vai ajudar a diminuir o risco ou a chance dessas bactérias aumentarem e continuarem a ser um problema nos ambientes hospitalares.” 

Uma pesquisa divulgada pela revista científica The Lancet, no mês passado, mostra que mais de 39 milhões de pessoas no mundo podem morrer em decorrência de infecções causadas por bactérias resistentes aos antibióticos nos próximos 25 anos.
Segundo o levantamento, entre 1990 a 2021, a resistência aos antibióticos foi responsável pela morte de mais de um milhão de pessoas em todo o mundo — a maior parte dessas mortes foi causada pelo Staphylococcus aureus.

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