Atualmente, Associação oferta serviços de fisioterapia, psicologia, odontologia, nutrição e assistência jurídica a mais de 15 mil pacientes

Por: Bruna Cássia | Foto: arquivo pessoal

2007 não foi fácil para a Maria das Dores. Mãe de uma criança com deficiência, ela precisou unir forças com outras mães que enfrentavam a mesma situação que ela. Mas o que, no início pareceu ser algo difícil, hoje foi o que transformou a Associação Grupo de Mães Anjos de Luz em referência de atendimentos sociais e de saúde em Roraima.

Tudo começou por acaso com o nascimento da filha Ester, 14 anos atrás. Maria se uniu com uma médica que atendeu no Hospital da Criança e uma assistente para ajudar mães que vinham do interior do Estado à capital e não tinham lugar para se abrigarem.

“Passei seis meses na Maternidade e mais quatro no Hospital para cuidar da minha filha. Fui conhecendo pessoas, conversando com outras e resolvemos ajudar as famílias de 20 crianças com deficiência explicando a elas sobre os direitos dessas pessoas. A médica conhecia as mães e encaminhava para minha casa para eu dar abrigo. Em um mês, já eram 100 pessoas contando com a nossa ajuda”, relembrou.

Questionada por amigos e vizinhos sobre o trabalho que tinha ao auxiliar essas famílias, Maria foi enfática em reforçar que se deve ajudar a quem precisa. “A gente se sustentava como podia. Recebíamos doação de alimentos e outras pessoas traziam algo do interior, então juntávamos tudo e sempre dava para alimentar todo mundo”, acrescentou.

Com o número de atendidos crescendo, Maria e as amigas resolveram criar a Casa de Apoio que leva o nome da filha: Ester Pereira Paiva. O espaço com sala, cozinha, banheiro e dois quartos foi montada com móveis doados e também encontrados no lixo.

Pouco tempo depois o ambiente, no bairro Cauamé em Boa Vista, se transformou em Associação e ao longo desses anos já atendeu mais de 50 mil pessoas. Atualmente, cerca de 15 mil são cadastradas na Anjos de Luz e recebem atendimentos de fisioterapia, psicologia, odontologia, nutrição, assistência jurídica e social, além de servir como abrigo.

“Recebemos as pessoas que vêm do interior e também servimos de abrigo, pois muitas pessoas moram na Associação”, completou das Dores.

São 150 voluntários que se revezam para ajudar na manutenção da casa e também com os atendimentos, tanto no espaço quanto em ações e eventos promovidos pela Associação. O lugar sobrevive de doação de empresários, órgãos, poderes e comunidade em geral.

Agora, a Associação funciona na Av. Sd. Pm. João Alves Brasil, 115, no bairro Caranã, em um prédio repaginado. Para Maria, o sentimento por todos esses anos de luta é de “gratidão”.

“Sou grata a todos que me ajudaram. Foi uma iniciativa para dar uma vida melhor para minha filha e acabamos ajudando muitas pessoas. Continuo acreditando que vale a pena trabalhar pelo ser humano e isso é muito gratificante”, finalizou.